sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Quase

Ainda pior que a convicção do não
É a incerteza do talvez,
É a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece,
Que me mata trazendo tudo
que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,
Quem quase passou de ano ainda estuda,
Quem quase morreu está vivo,
Quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades
que escaparam pelos dedos,
Nas chances que se perdem por medo,
Nas idéias que nunca sairão do papel
Por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, ás vezes,
o que nos leva a escolher uma vida morna;
Ou melhor, não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cór,
Está estampada na distância e frieza dos sorrisos,
Dos poucos abraços,
Na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
Sobra cobardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir
Entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo,
O mar não teria ondas, os dias seriam nublados
E o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma,
Apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas,
Nem que todas as estrelas estejam ao alcance,
Para as coisas que não podem ser mudadas
Resta-nos somente paciência, porém,
Preferir a derrota prévia a duvida da vitória
É desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pelos erros há perdão; pelos fracassos há chance;
Por amores impossíveis há tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio
Ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo
Ou indolor não é romance.
Não deixem que a saudade vos sufoque,
Que a rotina vos acomode,
Que o medo vos impeça de tentar.
Desconfie do destino e acreditem em vocês.
Gaste mais horas realizando que sonhando,
Fazendo que planejando,
Vivendo que esperando porque,
Embora quem quase morre esteja vivo,
Quem quase vive já morreu.